Vida de Eça de Queiroz

O escritor oitocentista José Maria Eça de Queirós nasceu a 21 de novembro de 1845, numa família burguesa. Era filho do juiz José Maria de Almeida Teixeira de Queirós e de Carolina Augusta Pereira de Eça, o que se tornou um problema pois os pais não eram casados. No registo de Eça de Queirós aparece "filho natural", ou seja, ilegítimo, estando identificado o pai e de mãe incógnita. A verdade é que a jovem mãe, Carolina Augusta, com 19 anos, saiu de Viana do Castelo, onde residia, para dar à luz em casa de parentes que viviam na Póvoa de Varzim. Antes de regressar a casa, entregou a criança a uma ama, Ana Joaquina Leal de Barros. 
 
Eça de Queirós foi baptizado poucos dias depois do seu nascimento (1 de dezembro de 1845), não estando presente ninguém da sua família. Nessa altura foi recomendado a Nosso Senhor dos Aflitos. Quanto aos pais, iriam casar quatro anos depois, havendo registo de mais seis filhos desse casamento.
 
Em data incerta, talvez após a morte da ama, em 1851, Eça de Queirós vai viver para casa dos avós paternos em Verdemilho (Aveiro). Desconhecem-se as razões que levaram a que não residisse com os pais, no Porto, altura em que já era oficial o seu casamento.
Eça de Queirós, caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro 

«Honny soit qui mal y pense». Desenho e legenda de Rafael Bordalo Pinheiro. Do "Album das Glórias", disponível em Arquivo Mário Soares

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Sobre a sua infância pouco se sabe, mas do casal brasileiro Mateus e Rosa Laureana terá escutado várias histórias, como ele próprio deixou registado em "Últimas páginas": "A minha mais remota recordação é de escutar, nos joelhos de um velho escudeiro preto, grande leitor da literatura de cordel, as histórias que ele me contava". A aprendizagem das primeiras letras terá ocorrido com o padre António Gonçalves Bartolomeu.
 
Aos 10 anos a sua avó paterna morreu, tendo Eça de Queirós ido viver para o Porto, para o Colégio da Lapa, frequentado por várias famílias com posses. Aí fez diversos amigos, como Ramalho Ortigão (nove anos mais velho do que Eça, filho do diretor do colégio, deu-lhe aulas de Francês) e Luís Pamplona, (filho dos condes de Resende, irmão da sua futura mulher). Mais uma vez são muitas as incertezas sobre este período da sua vida. Terá tido uma paixoneta pela sua prima Cristina. Sabe-se, sim, que se matriculou na Faculdade de Direito da Univeridade de Coimbra, em 1861. Novas amizades entram na sua convivência: Antero de Quental (futuro poeta) e Teófilo Braga (futuro Presidente da República). Eram muitas as ideias novas que fervilhavam no meio estudantil. Terá participado no grupo de teatro "Académico" e publicado o seu primeiro artigo na revista "Gazeta de Portugal". 
 
Em 1866, concluído o curso de Direito, vai morar com os pais para Lisboa (Rossio, nº 26, 4º andar). Apesar de inscrito no Supremo Tribunal de Justiça, nunca exerceu advocacia. Dedicou-se ao jornalismo. Nesse mesmo ano, funda e dirige o jornal "Distrito de Évora", passando a residir nessa cidade. O primeiro número do jornal sai a 6 de janeiro de 1867 e tinha apenas 6 páginas. O dono do jornal pertencia à oposição ao governo. Durante 7 meses, Eça publicou neste jornal. Como não tinha colaboradores, assinava os artigos com iniciais diferentes.